Ministério tem promessa de diversidade, mas Lula precisa acomodar aliados

Passada uma semana da vitória de Lula (PT) na disputa pela Presidência da República, aumenta o ritmo das especulações acerca da composição do seu futuro ministério. Atualmente, são 23 ministérios, sendo duas secretarias e três órgãos equivalentes. O petista não confirmou se pretende aumentar este número, mas deve fazer fusões e desmembrar algumas pastas criadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nos últimos dias, Lula esteve na Bahia com a primeira-dama eleita e socióloga Janja, no litoral sul, aproveitando para descansar após meses de intensa campanha. A partir desta segunda-feira (7), contudo, o presidente que vai para o seu terceiro mandato vai esquentar a cabeça para cumprir a promessa de ter uma equipe diversa, incluindo mulheres, negros e, como sonha parte dos progressistas, até indígena, além acomodar aliados que contribuíram com a sua eleição.

Entre eles temos petistas que ficaram sem mandato, como o governador da Bahia, Rui Costa (PT), que elegeu Jerônimo Rodrigues (PT) como sucessor, levando o PT a emplacar o quinto mandato consecutivo no estado. Com um perfil executor, tem um apelido colocado pelos próprios amigos de “Correria”, tem um apreço por grandes obras e pode ser nomeado para um Ministério das Cidades, Infraestrutura. Rui também foi ventilado para a Fazenda ou Economia.

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) é outro nome cotado para a Fazenda. Ele perdeu a eleição para o Governo de São Paulo para o ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio Freitas, e está sem cargo.

Haddad já foi ministro da Educação, mas a pasta agora tem outros concorrentes como a senadora Simone Tebet (MDB), que ganhou destaque na eleição quando declarou apoio a Lula e entrou de cabeça na campanha gravando vídeos que foram importantes para a imagem da frente ampla. A emedebista pode pintar ainda no Ministério da Agricultura.

Ex-governador do Maranhão e senador eleito este ano, Flávio Dino (PSB) é cotado para Justiça ou Segurança Pública. Já Marina Silva, eleita deputada federal, pode ser a escolhida para o Ministério do Meio Ambiente, que deve ganhar mais notoriedade neste governo Lula.

No caso dos dois, o único empecilho é perder a força de dois importantes parlamentares no Congresso. Esse é um cálculo que Lula precisa fazer, principalmente diante de um pleito que elegeu muitos nomes da extrema-direita.

Aloizio Mercadante (Economia), Jaques Wagner (Fazenda, Relações Exteriores), Wellington Dias (Casa Civil) e Sílvio Almeida (Justiça) são alguns dos possíveis ministros do governo Lula.

REPRESENTATIVIDADE

Com um vice-presidente como Geraldo Alckmin – homem e branco – Lula acenou em direção ao centro e ao eleitorado conservador na composição da chapa. A presença feminina discreta é representada por Marina Silva, Tebet e pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a maior parte das fotos da campanha não contempla a pluralidade do povo brasileiro.

Lula, entretanto, já prometeu em outros momentos garantir a representatividade na formação do time que vai comandar as políticas públicas a partir de 2023.

Na próxima semana, Lula participa da COP 27, conferência internacional da ONU que discute mudanças climáticas – mesmo sem ter recebido de Bolsonaro a faixa presidencial.

Há quem sonhe com um anúncio de uma liderança indígena no Ministério dos Povos Originários, pasta que foi prometida na campanha. A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) é cotada, mas a sua saída da Câmara dos Deputados como primeira parlamentar indígena não interessa, principalmente precisando fazer frente à bancada ultraconservadora eleita este ano.

Exceto Tebet e Marina Silva, poucas mulheres tem aparecido como ‘players’ até agora, mas já foram citadas na imprensa Manuela D’Ávila e outras correligionárias do PCdoB. Resta saber se as mulheres só serão lembradas para pastas como o Ministério da Mulher ou relacionada à reparação social.

DESAFIO

Com a formação de uma frente ampla que reúne de Guilherme Boulos a Henrique Meirelles, passando por Tabata Amaral e Mano Brown, Lula tem o enorme desafio de dar espaço aos aliados mais recentes que foram decisivos para desequilibrar a balança a seu favor na eleição, sem deixar da lado a representatividade e defesa de pautas sociais.

Hoje neste arco amplo tem aqueles que defendem o equilíbrio fiscal, outros que querem o fim do teto de gastos que limita o investimento em áreas consideradas essenciais. Tem aqueles que acham urgente o debate sobre aborto e saúde pública e uma mudança na política de drogas, enquanto parte não vê no horizonte próximo qualquer chance de colocar estes assuntos para discutir na mesa.

Medidas popularescas e eleitoreiras de Bolsonaro impactaram no Orçamento, como a PEC Emergencial para financiar o Auxílio-Brasil, e Lula terá que encontrar soluções para não se ver sem recursos para obras e manter programas sociais.

O problema pela frente é enorme, mas Lula parece disposto a trabalhar. Ele voltou da Bahia e já iniciou as movimentações políticas. Alckmin se reuniu com parlamentares esta semana para discutir uma possível PEC da Transição, para extrapolar em paz o teto de gastos e garantir a estabilidade do primeiro ano de governo, reduzindo a crise em que se afundou o país nos últimos anos.

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BRASILIDADES

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